Imagine que está a construir uma casa. Para que o telhado se mantenha firme e resistente, é essencial assegurar que as colunas que o sustentam sejam sólidas. No tratamento da obesidade, este princípio é o mesmo: nutrição e exercício físico, embora essenciais, são como o telhado – não conseguem sustentar-se sozinhos sem os pilares certos na base. O sucesso a longo prazo na gestão do peso e a melhoria da saúde depende da sustentaçao fornecida pelos pilares – intervenção psicológica, tratamento farmacológico e/ou cirurgia bariátrica.
Talvez já tenha ouvido dizer que para tratar a obesidade basta “comer menos e mexer-se mais”. Mas quem vive com obesidade sabe que a realidade é muito mais complexa. As emoções, os pensamentos negativos, o stress, a autoimagem e os hábitos enraizados desempenham um grande papel nos desafios associados ao processo de gestão de peso e da adoção de mudanças saudáveis.
É essencial abordar a mente e os comportamentos que moldam as escolhas diárias. Este pilar procura mudar padrões emocionais e comportamentais que impedem o progresso, preparando-o para seguir em frente com mais confiança. São ferramentas que o psicólogo utiliza para ajudar o doente a atingir os seus objetivos comportamentais e de saúde, identificando e ultrapassando obstáculos e barreiras.
Exemplos: terapia cognitivo-comportamental, terapia de aceitação, automonitorização, controlo de estímulos, entre outros.
Tal como não podemos controlar a nossa temperatura corporal com o poder da nossa mente, também não podemos controlar conscientemente alguns dos processos biológicos que afetam o nosso apetite. É aqui que os medicamentos antiobesidade desempenham um papel importante, ao atuarem nestes diferentes processos.
Os medicamentos para a obesidade são substâncias que podem funcionar de diferentes maneiras para apoiar o processo de gestão do peso. Alguns deles imitam a ação de hormonas naturais, como os que afetam o centro da fome e da saciedade no cérebro, bem como os que afetam o sistema nervoso central. Graças a isso, a necessidade de ingestão de alimentos é reduzida, o que consequentemente leva à perda de peso.
Além dos seus efeitos no peso corporal, esses medicamentos também podem ter efeitos benéficos na saúde metabólica. Podem ajudar a regular os níveis de glicose no sangue, reduzir a pressão arterial e ter um efeito positivo no perfil lipídico (diminuindo o colesterol LDL e os triglicerídeos). Esses efeitos podem contribuir significativamente para melhorar a saúde ou o sistema cardiovascular.
O tratamento da obesidade com o uso de medicamentos é sempre uma decisão tomada em conjunto com um médico, que seleciona a terapia de acordo com a condição de saúde, necessidades e historial médico de cada pessoa. É importante que todo o processo de tratamento ocorra sob a supervisão constante de um médico, que poderá acompanhar o progresso, a segurança e ajustar o tratamento, se necessário. Utilize sempre os medicamentos conforme prescrito pelo seu médico e de acordo com as informações do Folheto Informativo.
Em alguns casos de obesidade, o seu médico pode considerar a cirurgia bariátrica. De forma geral, as cirurgias bariátricas diminuem o apetite e limitam a quantidade de alimentos que uma pessoa pode consumir confortavelmente de uma só vez. Além disso, promovem alterações metabólicas e hormonais que desempenham um papel essencial na regulação do peso, ajudando a prevenir retrocessos. Estas mudanças impactam o tamanho do estômago e a forma como o corpo processa os alimentos, facilitando a gestão do peso e melhorando as condições de saúde associadas.
Quando pensamos na gestão do peso, é comum que a nutrição e o exercício físico sejam os primeiros aspetos que nos vêm à mente. No entanto, no contexto do tratamento da obesidade, essas estratégias por si só tendem a ser insuficientes. O tratamento da obesidade requer muito mais do que esforço individual – exige uma abordagem estruturada e integrada. Assim, após fortalecer os alicerces e consolidar os pilares fundamentais, já poderá construir o “telhado”.
Nutrição
Com o suporte adequado, a alimentação deixa de ser vista como sinónimo de dietas restritivas e passa a ser suportada por um plano personalizado, adaptado ao seu estilo de vida, com foco na saúde e na sustentabilidade. Esqueça as dietas milagrosas. No tratamento da obesidade, transformar os hábitos alimentares vai muito além de simplesmente cortar calorias. Ao desenvolver o plano de gestão da obesidade, o médico ou nutricionista deve considerar os seus padrões alimentares e necessidades individuais.
Estes fatores são particularmente importantes durante o uso de medicamentos antiobesidade, permitindo adaptar o tratamento para assegurar o progresso, enquanto garantem a segurança do doente.
Atividade física
A prática regular de exercício traz inúmeros benefícios: melhora o metabolismo, facilita a gestão do peso e ajuda a manter os resultados ao longo do tempo. O mais importante é encontrar atividades que lhe sejam agradáveis e incorporá-las no dia a dia, como subir escadas em vez de usar o elevador, descer uma ou duas paragens antes e caminhar até ao destino ou fazer pausas frequentes para alongamentos, se trabalha ao computador. O objetivo é atingir 150 minutos de atividade física por semana, avançando de forma gradual. Contudo, é importante que pessoas com obesidade consultem um médico antes de iniciar a prática de exercício.
Se a terapia com medicamentos para obesidade for introduzida, a atividade física é um elemento essencial do tratamento abrangente.
Fale com o seu médico
Converse com o seu médico para explorar as opções disponíveis e, juntos, construam um plano de tratamento personalizado e adaptado às suas necessidades.