
A obesidade aumenta o risco de doenças cardiovasculares?
Compreenda como a obesidade pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e descubra de que forma pode gerir esse risco com a ajuda do seu médico.
A obesidade é uma doença e também um fator de risco para várias complicações. Algumas delas são cardiovasculares, incluindo a doença arterial coronária, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), hiperlipidémia, enfarte agudo do miocárdio (também conhecido como ataque cardíaco) e insuficiência cardíaca. A obesidade é também uma das principais causas de mortalidade e morbidade cardiovascular. A boa notícia é que com o orientação e aconselhamento profissional, é possível gerir os fatores de risco cardiovascular e reduzir a probabilidade de complicações associadas à obesidade.
Este artigo aborda como a obesidade afeta a saúde, com especial ênfase nas complicações cardiovasculares, associadas à obesidade. A última parte pode parecer um pouco complexa, por isso vamos começar por esclarecer alguns termos importantes. É bastante simples!
“Cardio” refere-se ao coração, enquanto “vascular” se relaciona com os vasos sanguíneos. Assim, quando falamos de complicações cardiovasculares, estamos a referir-nos a um conjunto de problemas que afetam principalmente o coração e os vasos sanguíneos.
Viver com obesidade tende a aumentar o risco de desenvolver complicações cardiovasculares ou até de desenvolver um evento adverso cardiovascular, como um acidente vascular cerebral (AVC) ou um enfarte do miocárdio. No entanto, antes de avançarmos para o tema principal deste artigo – o nosso coração - é importante relembrar que a obesidade não é uma escolha, é uma doença para a qual contribuem fatores genéticos, biológicos, comportamentais, psicossociais e ambientais.
A obesidade pode aumentar o risco de desenvolver mais de 200 complicações, incluindo diabetes tipo 2, asma, cancro, doenças do fígado e da vesícula biliar, apneia do sono, osteoartrose e complicações ginecológicas. Mas vamos focar-nos nas que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como a aterosclerose, a doença arterial coronária e a hipertensão. Esta última, sendo um fator de risco cardiovascular em si, pode levar a acidentes vasculares cerebrais, enfartes do miocárdio e insuficiência cardíaca. Conheça melhor algumas destas complicações cardiovasculares:
Conheça as complicações cardiovasculares associadas à obesidade
Acidente Vascular Cerebral
Ocorre quando um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro é subitamente obstruído ou se rompe, perturbando temporária ou permanentemente o normal funcionamento cerebral.
Doença Arterial Coronária
Ocorre quando as artérias do coração não recebem sangue e oxigénio suficientes, consequência do processo de aterosclerose (na grande maioria dos doentes).
Aterosclerose
Ocorre quando as artérias se tornam espessas e inflexíveis devido à acumulação de placas de gordura e cálcio no seu interior, o que dificulta a circulação sanguínea e pode até mesmo bloqueá-la.
Enfarte Agudo do Miocárdio
Ocorre quando uma das artérias do coração fica obstruída por um coágulo, o que faz com que uma parte do músculo cardíaco deixe de funcionar por falta de oxigénio e nutrientes. Pode causar fraqueza do coração, problemas de ritmo cardíaco e até morte.
Insuficiência Cardíaca
Ocorre quando o coração é incapaz de bombear o sangue para o corpo na quantidade necessária, assim como relaxar e receber novamente o sangue de forma normal, podendo não conseguir fornecer nutrientes e oxigénio suficientes ao organismo, para que este funcione normalmente.
Fibrilhação Auricular
Tipo de arritmia cardíaca mais comum, em que existem batimentos cardíacos irregulares. Pode incluir o coração bater muito rápido, muito devagar ou de maneira inconsistente.
Reconhecidamente, a relação entre a obesidade e estas possíveis consequências cardiovasculares é preocupante. Na realidade, a obesidade está entre as principais causas de doenças cardiovasculares, mortalidade e morbidade, tornando-se uma questão realmente crítica.
No entanto, mesmo nos contextos mais desafiantes, é possível encontrar aspetos encorajadores.
Vamos mudar o foco e centrar-nos nas...
Apesar das consequências sérias associadas à obesidade, existem medidas que podem ser tomadas para minimizar esses riscos. Existem médicos dedicados à gestão da obesidade que têm o conhecimento necessário para determinar quais as estratégias que são realmente eficazes e trazem resultados positivos.
Hoje em dia, existe um entendimento coletivo muito mais aprofundado sobre a obesidade do que no passado. Além disso, a comunidade médica e científica já comprovou, de forma definitiva, que a obesidade é uma doença. Em Portugal, este reconhecimento começou em 2004, quando a Direção-Geral da Saúde a declarou oficialmente como uma doença crónica, em linha com a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. Este reconhecimento coloca-nos no caminho certo para melhorar a atenção médica (incluíndo a cardiologia e outras especialidades), impulsionar a investigação científica e garantir que a obesidade recebe a prioridade que merece nos sistemas de saúde, resultando numa gestão eficaz desta doença e numa sociedade mais saudável e sustentável.
Por um lado, muitas das pessoas que vivem com obesidade podem beneficiar do conhecimento destes profissionais. Por outro lado, é também importante que os médicos ouçam as experiências de quem vive com esta condição, para entender como as diferentes abordagens de tratamento são sentidas na vida real, com os seus impactos na saúde mental e física.
Estudos indicam que a perda de peso pode trazer benefícios significativos para a saúde do coração. Por exemplo, a redução de apenas 5% do peso corporal está associada a melhorias significativas na saúde. Isso inclui a diminuição da pressão arterial, resultando numa melhor saúde cardiovascular.
Além disso, embora algumas complicações ligadas à obesidade sejam mais sensíveis à perda de peso do que outras, perder mais de 5% do peso pode trazer ainda mais benefícios. Por exemplo, num estudo com pessoas com diabetes tipo 2, foi observado que uma perda de peso entre 5-10% resultou em melhorias nos fatores de risco cardiovascular até um ano após a perda de peso.
Uma perda de peso entre 5-10% resultou em melhorias nos fatores de risco cardiovascular até um ano após a perda de peso.
Lembre-se, a mudança começa em si, mas não deve ficar por aí. O passo certo pode ser contactar um profissional de saúde, que tem um entedimento alargado da ciência por detrás dos genes, metabolismo, psicologia humana e sobre todos os outros fatores complexos e interligados, da obesidade. Encontre um médico que o possa apoiar neste caminho!
Ao tomar esta iniciativa, a sua jornada em direção a uma gestão da obesidade sustentável pode continuar a ser benéfica para a sua saúde, resultando numa perda de peso sustentada e na redução dos fatores de risco cardiovascular, tanto agora como no futuro.
PT25OB00142